quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

3

Fogo e Gelo

Posted in ,









Capítulo Um

Tinha acabado de receber a noticia que Ian havia morrido quando completara 16 anos, sempre fomos muito grudados, como o polo norte e o sul. Ele era cheio de si com seu ar superior, mas no fundo era uma boa pessoa. Ele era definitivamente tudo que eu precisava. Seu apelido sempre fora “Small Fire”, ele tinha um metro e setenta e cinco, mas ainda assim sempre agia como se tivesse dez anos. Eu? Eu sempre gostei do silencio e solidão, exatamente o contrario de “Small Fire”, nunca fui quente, nem “tão“ alegre. Fui apelidada de “Ice Cube”, pelo meu gosto estranho pela chuva e pela frieza com que agia.
- Parabéns, o que quer de aniversário? - perguntou Senhora Dora, a dona do acampamento estudantil da escola de aprendizes da natureza. ( AE-EAN)
- Ah, obrigado. Não gostaria de nada agora - tentei disfarçar o desespero em minha voz.
- Ah não eu existo, o que quer? Um novo celular? Um dia de compras ilimitados? Tanto faz, posso pagar. – sua foz era completamente vazia
- Se insiste, aceitaria um bom livro acompanhado de uma semana fora do acamp-hospicio. – ela parecia não se importar com meus comentários sobre o lugar.
- Ok, feito. Tem preferência te livro? – ainda parecia vazia demais para ser a “Senhora emoções”, como eu sempre a chamara
Na manhã seguinte, tudo parecia normal. Sai pela porta da frente com a sensação de liberdade nos pulmões, carregando apenas uma mochila preta com duas mudas de roupa e alguns apetrechos maneiros. Andei por alguns segundos (cerca de meia hora). O mundo parecia diferente olhando pelo lado de fora do acamp-hospicio.
- Táxi! – gritei enquanto fazia sinal com uma das mãos, três segundos depois um belo, porém comum, taxi parou. Abri a porta com força e entrei rapidamente.
- Para onde vamos? - uma voz alta e feminina berrou do volante. Entreguei a ela um bilhete deixado por Ian com o endereço de seus pais adotivos. Por alguns segundos deixei o medo, a raiva e a dor me dominarem. O dia estava horrível, cheio de sol e calor. Aos poucos vi pela janela umas nuvens se formando, junto com uma lágrima que se fazia em meus olhos. A chuva caiu junto com as minhas lagrimas que rolaram pelo meu rosto. Abri o Vidro da janela para poder observar melhor a chuva. Meu lábio inferior bateu no vidro meio aberto. Senti um fio de sangue descer pelo lugar atingido. Fiquei durante a viagem inteira com meus lábios encostados no vidro, observando as pessoas e seus hábitos peculiares.
- Chegamos – novamente a voz irritante da motorista me acordara de meu transe. Desgrudei meus lábios do vidro que havia congelado junto com a porta. Tentei forçá-la a abrir, mas era inútil. Sai pelo outro lado. A casa era exatamente como Ian descrevera, grande e bela.
- Olá senhora, poderia falar com os pais do Ian por favor? – me surpreendi com minha capacidade de ser gentil.
- Ah sim sou a mãe dele, o que deseja? – respondeu a mulher baixa com um vestido listrado
- Uhum, poderia entrar? Tenho um assunto sério para tratar com a senhora. – a senhora fez que sim com a cabeça. Caminhamos pelo enorme jardim até a entrada. Entrei na casa e sentei-me no sofá ao lado dela
– A senhora deve ter sido avisada pelo acampamento o que acontecera com seu filho, não é? – segurei em suas mãos
– Sim, eu sei ele está desaparecido – falou a senhora em lagrimas
– Bom, ante ontem foi encontrado... - ela desabou em meus braços, suas lágrimas escorriam pelo meu braço.
– O corpo dele – terminei a frase, talvez um pouco cruel. Ela parou de chorar e levantou indo em direção à cozinha.
– A senhora está bem? – perguntei .
- Sim, aceita um chá ou café ? – perguntou calma e breve.
– Gostaria de saber mais sobre as cartas que Ian te enviou. - falei ignorando sua pergunta – Sei que ele te mandava objetos mágicos que ele roubava da academia ao lado do acampamento – ela arregalou os olhos e gaguejou
– Eu. N. Não sei de nada disso – eu nem precisava usar meus dons para saber que ela mentia.
– Sou, era, a melhor amiga dele. Preciso pegar quem fez isso com ele. – ela mordiscou o lábio inferior
– Pelo menos durma aqui em casa hoje, tenho um quarto extra, e não gosto de ficar sozinha em casa. – falou ainda mordiscando os lábios
- Tudo bem, mas poderia me mostra os objetos?- ela fez que sim com a cabeça. Depois de alguns segundos esperando ela terminar seu chá, enfim ela se levantou indo em direção à escada que dava para o segundo andar. Esperei ali sentada por cerca de meia hora.
- Aqui está – falou anda descendo as escadas, uma trocha de roupas velhas emboladas. Foi tudo que pode ver
- Ham? As poções?- pedi explicações
- Estão aqui! - exclamou ela. Sentou-se ao meu lado no sofá e abriu as roupas dentro do bolo de roupas, estavam lá quatro potes pequenos, dois mini livros (livros super pequenos que quando invocamos voltam a seu tamanho normal), e contando com as roupas, duas blusas pretas surradas e uma capa vermelha.
- Posso? – perguntei antes de pegar um pote congelado, que era a cara dele. ( Small Fire)
- Claro minha querida, é todo seu.- falou me estendendo os objetos.- Já são nove horas – exclamou ela.- Vamos dormir?
- Sim, claro. - falei seguindo-a até as escadas. Três lances de escada, o primeiro andar parecia o quarto do casal, o segundo um grande corredor seguido de um piano (foi tudo que pude ver antes de ser carregada para o terceiro andar), o terceiro andar, uma porta grande com um portal azul.
- Vá, abra a porta. – ela falou me empurrando para perto dela. Abri a porta lentamente, um quarto todo azul marinho com uma cama de solteiro e uma estante com muitos livros. – Era o quarto do Ian, ele não gostava da cor.. –brincou ela olhando o teto do quarto.
- Posso?- perguntei antes de sentar na cama. Ela sacudiu a cabeça positivamente. - Ele sempre gostou de vermelho, amarelo e laranja. Sempre cores quentes como ele. – pequenas gotas geladas de lagrimas salgadas escorriam pelo meu rosto. Não as impedi de cair.
A noite foi longa e torturante, nunca me incomodei tanto com as cortinas balançando e sons que não podiam existir. Sabia que com aqueles utensílios podia encontrar quem matara Ian. Revirei-me na cama até o amanhecer. O lado bom é que pude ver a lua cheia (minha maior paixão) e o nascer do sol. O lado ruim é que na manha seguinte eu parecia um zumbi.
Apesar de ter passado o dia anterior inteiro sem comer, não sentia fome, mas me obriguei a levantar e descer para pegar algo para comer.
- Bom dia, como passou a noite? - a voz vinha da cozinha, mas era alta e clara para mim.
- Bom dia, bom dia, bom dia. – falei tentando parecer animada.
- Está com fome? Fiz panquecas, ovos mexidos e etc... – falou vindo em direção à sala com uma bandeja super grande e colorida cheia de comida. A comida me abriu o apetite. Ela colocou tudo em cima da mesa. - Vai, é só pra você.
- Muito obrigada... – falei tentando escolher um pra comer primeiro. Terminei o café e fui logo fazer as malas.
- Já vai? – fez cara de choro quando eu desci do quarto levando comigo as malas e os objetos.
- Sim, tenho pouco tempo de liberdade. Tenho que achar o assassino... – acho que não deveria ter tocado neste assunto, nem todos eram tão frios quanto eu.
- Não vá. O que você pode fazer? Vai mata-lo? Por quê ? Para ser igual a ele? – ela estava certa. Mas ainda assim tenho muito, a saber. Quem? Por quê? Como?
- Não, mas preciso saber. Não consigo conviver com esta duvida. – ela pareceu se acalmar.
- Então vá, mas volte. Quero te ver outra vez.
- Ok. –ela abriu a porta da frente. Saí da casa e fui em direção ao ponto de ônibus.
- Ei, volte aqui. Você acha que eu vou te deixar sair a pé? – gritou do portão. - Só fui pegar as chaves do carro. Pode levar. Não sei dirigir mesmo.
- Sério?-ela sacudiu as chaves e as jogou em minha direção
- Muito serio, eu ia dar ao Ian quando ele completasse dezoito, mas... Você tem carteira?
- Sim, tirei lá no acampamento. – meu sorriso brilhou radiante.
- Vai agora você pode ir. – ela sorriu feliz e apontou para onde estava o carro.
O caminho estava tranquilo, não tinha ninguém nas ruas. O carro deslizava na pista em uma boa velocidade de 80km/hora. Já era tarde, estava com fome, parei em uma lojinha na beira de estrada. Comprei comida e voltei para o carro. Comi meu miojo de pizza enquanto tentava decifrar o pequeno mapa que tinha encontrado dentro de um dos livros. Eu sabia que era um mapa da cidade, mas todas as vias tinham pontos diferentes e tinha um ponto no centro da cidade que era interligado com todos os outros, deduzi que era onde ele tinha ido para trocar mercadorias. Estava há cerca de duas horas de viajem até ele. Então fui em direção ao centro da cidade para ver se descobria algo por lá... Chegando lá, vi que nada daquilo era igual ao mapa. Então andei um pouco para ver o que achava. Achei algo no chão coberto de terra, exatamente no ponto que o mapa indicava. Era algo bem complexo, refleti um pouco sobre o que era, e analisei para saber o que significava, deduzia que era um tipo de porta, reconheci porque vi algo uma fechadura... Então mais de pressa em meus pensamentos veio na memória um antigo brinquedo de small fire, que se parecia muito com uma chave e eu sempre o carregava comigo, então eu tive a curiosidade de tentar abrir aquela estranha porta com aquele item que ele tinha me dado de aniversario, antecipado. Ao encaixar a chave, senti o chão tremer por alguns segundos e depois a grande porta se abriu.
Eu estava em cima da porta que era no chão, todos olhavam pra mim assustados como se dissessem “louca, sai deste chão sujo.”
Todo o meu corpo fora do ar, apenas o baque de cair com tudo em um túnel de aproximadamente 11 andares. Meus ossos, meu corpo, ainda em movimento, seguindo o ritmo do túnel que escorregava de um lado para o outro batendo nas paredes velhas e cheias de teias de aranha. Fiquei escorregando de um lado para o outro até chegar enfim ao chão. Uma sala ampla de mármore no piso, tudo parecia no lugar certo, um lugar bem iluminado e nada macabro. Tudo tão bem organizado como um estúdio bem abafado. Aposto que eu morreria de gritar e nunca ninguém me encontraria. Meu corpo ainda doía, mas como sempre, era mais fácil ignorar a dor. Tinha um grande armário na minha direção, foi tudo que eu vi, corri em sua direção. Ele estava trancado, mas eu tinha uma boa técnica para abrir. Recitei uma invocação de água, senti parte da água do meu corpo saindo em direção ao centro da palma da minha mão. “Vamos lá ”, falei pra mim mesma. Empurrei a água sobre o feche da porta .
-“Flarest Gortederte “ - recitei a água se congelou na fechadura. Me afastei e enfim - “Mard Me For “- recitei para que a água puxasse a porta para perto de mim. A porta se quebrou no meio. Desviei rápido dos pequenos fragmentos da porta que vieram em minha direção (“mard me for” quer dizer “volte ao seu dono”). Dentro do armário tinham muitos potes e outros utensílios que pude identificar, que sem duvida eram do Ian. Peguei uma garrafa de água. Estilo bem antiga, virei com tudo e engoli. Senti algo estranho descer pala minha garganta, era extremamente acido. Senti minha garganta doer a agarrei e tentei ler o rótulo que parecia dizer “sangue da vida”. Não consegui ler mais, senti meu corpo pesado e me deixei cair no chão sujo. Meus olhos relutavam a se fechar, mas já era tarde, não tinha como me segurar, cai em sono profundo e nem notei quanto tempo tinha passado. Senti alguém muito perto de mim. Seu punho direito passava levemente sobre o meu ombro. Respirei fundo e senti que ele tinha se afastado ainda de olhos fechados, podia saber exatamente onde ele estava, e quem ele era. Abri meus olhos, ele ainda estava lá, parado.
-Ian? Como? – não podia acreditar, ele estava lá, perfeito, impecável.
- Eu... Como você chegou aqui? Você nunca desistiu de mim?- sua voz confusa e alegre era tudo que eu sempre queria ouvir
- Não, nunca. Eu tenho que dizer, sempre quis dizer... - fui interrompida
- Não diga, estou preso. Me ajude. – falou ele
- Você esta morto, sim você esta morto. Como assim? – falei
- Estou preso aqui. – sua voz ainda era confusa
- Mentira, eu vi. Eu te vi morto, sendo levado. - as lágrimas teimaram em cair
- Não, aquele não era eu. Eu tô aqui – falou Ian me puxando para um abraço caloroso e único, seguido de um beijo que foi se estendendo. Depois mais um, seu sabor quente e suas mãos escorregando pelas minhas costas chegando até a barra da minha calça. Sua risada entre beijos. Ele era quente, meu coração acelerava a cada toque. Suas mãos em chamas queimaram a barra da minha calça. Nossos corpos entrelaçados se encaixavam perfeitamente.
Dia seguinte
Tinha acabado de acordar, minhas coisas estavam jogadas no chão e vi uma bela bandeja de café da manha
– Bom dia, minha linda. – falou ele com uma cara de conquistador barato
- Bom dia? Minha? Linda? – meus olhos não mentiam que eu tinha gostado de ser chamada assim.
- Bom dia sim, este é o melhor... Contando com o que aconteceu ontem – murmurou ele com um belo sorriso simples e honesto. – E é minha linda sim, minha, minha, minha. Você sabe que é linda.- outro sorriso, só que desta fez meu, acompanhado de uma bela cara vermelha de vergonha, notei que ainda estava seminua. Puxei minha calça e ele gargalhou ao notar que eu estava ficando cada fez mais vermelha.
- Por que você não voltou para o acampamento?- mudei de assunto
- Porque lá eu podia te colocar em perigo. Mas você não desiste, tinha que vir atrás de mim. – sua voz parecia receosa – Eles, os magos, os professores, todos. Eles só querem nos matar. Somos muito mais poderosos do que os outros. Eu e você podemos mudar o mundo.
- Não. Eu sei que eles são meio estranhos, mas só querem o nosso bem. -falei rápido
- Cadê os nossos pais? Eles foram mortos por saberem que podíamos mudar tudo. E acabar com esta Era de dor, com tanta gente sofrendo. – sua voz era reconfortante e ele me abraçava sem que eu percebesse.
- Então, como podemos fugir? - ele nunca mentia, tinha que acreditar nele.
- Vamos fugir, sem rumo. Mudando o mundo aos poucos ... - falou Ian

Capítulo Dois


Ian levou grande parte da manhã para me contar todas as suas descobertas. Desde como tinha pego e chantageado a senhora Dora para que ela me deixasse sair do acamp-hospício com sangue dos lendários dragões ,(não me pergunte de onde ele deve ter tirado este maldito sangue ). Ele também me contou da estranha lenda dos Wertd (2 polos) que dizia que o equilíbrio entro o bem e o mal só poderia ser alcançado quando os dois atingissem o ápice de seus “dons”. Até mesmo quando ele citou a ida a outra dimensão, eu aceitei. Depois de pensar em sua morte nunca mais o deixaria se aventurar sozinho.
Meu coração saltava pela boca de emoção, era surreal tudo aquilo. Como poderíamos nunca ter notado todas estas coisas? Passamos os seguintes três dias estudando loucamente todos os feitiços possíveis para nossa futura perseguição. Porém a maioria dos livros “didáticos“ em magia, citava apenas superficialmente o aprimoramento de dons.
- Parece até que são feitos pelo CIM-A – (CIM-A : centro integrado de magia, classe A / acamp-hospício para os íntimos )
- Verdade, são todos muito básicos. Não falam nada de magia avançada.
- Só falam de “como preparar seu achocolatado sem usar uma colher”. -Ian falseteou a voz de senhora Dora de uma forma que ele sempre costumava fazer nos corredores do acamp-hospício.


3 comentários:

Unknown disse...

Vai ter continuação?

Ruama Gomes disse...

Vai sim hoho, a escritora não ia ser tão má de deixar a fic assim

Unknown disse...

QUE BOM ANSIOSA PELO SEGUNDO CAPITULO