terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

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Fire by: Melissa Costa

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Fire


Fire


As chamas estavam por toda parte. Eu não tinha para onde correr, ou qualquer lugar para me esconder. Eu acabaria queimada. Eu acabaria morta. Mas talvez eu já estivesse na minha mente.
Corri para o mais longe que podia chegar. Mais chamas. Elas só estavam aumentando cada vez mais. Para o alto e para os lados. Se expandindo, engolindo tudo.
Atravessei o corredor, sem sucesso. Não havia saída. Eu estava presa. A fumaça penetrava meus pulmões e me deixava sem ar. Eu estava ficando tonta. Minha vista embaçada, meus olhos lacrimejando. Entrei no primeiro quarto que vi. As chamas também o invadiram. Nada tinha se salvado. Eu estava quase desmaiando, quando o extinto de sobrevivência me trouxe de volta. Escorei-me nas paredes, sem equilíbrio. Aquilo era o fim? Havia tudo acabado? Só podia ser um sonho, ou talvez fosse.
Respirei o mais fundo que pude, tentando ignorar a fumaça. Observei o quarto um instante, eu não o reconheci. Tudo se resumira em fogo e cinzas.
Eu não podia desistir agora. Sai do quarto e passei pelo corredor, agora com as paredes quase desabando. Desci as escadas e tive de pular de no mínimo uns 5 degraus, o fogo também estava por lá.
Tontura de novo. Corri para a porta, eu não podia abri-la. Estava emperrada. Mais uma vez voltei para cima. O calor era insuportável lá em baixo, me fazendo suar. O fogo já devorara todas as cômodas, o chão e agora eu temia que as paredes caíssem.
Mas lá em cima também não havia como sair. Eu me sentia fraca demais para arrombar a porta e sair, já não podia voltar para baixo, aquilo seria um completo suicídio.
Eu só vi uma saída. A janela no final do corredor. Corri em direção a ela sem pensar na dor do impacto ou nos meus ossos se quebrando quando eu chegasse ao chão. Enquanto corria, senti a adrenalina percorrer todo meu corpo e corria cada vez mais rápido.
Eu só queria sair dali. Parecia uma espécie de suicídio. Mas de qualquer forma, ficar ali, naquele lugar, queimando e derretendo, também era suicídio.
Só ouvi o som da janela se quebrando e meu corpo frágil caindo no chão. Felizmente a grama amorteceu um pouco a queda, mas minha cabeça bateu com força no asfalto. Meu corpo inteiro doeu. Senti-me ainda mais frágil e machucada. Tentei gritar, mas minha voz estava ausente. Choraminguei, enquanto tentava virar meu corpo. Talvez eu não tenha quebrado nada. Talvez eu não esteja morta.
Distante, eu conseguia ouvir uma sirene. Coloquei uma das minhas mãos no topo da cabeça. Mesmo com a minha visão turva e embaçada, vi o liquido vermelho vivo escorrendo pela minha mão tremula.
Droga. Eu estava sangrando. Minha cabeça doía tanto quanto meu corpo.
Depois, a única coisa que eu conseguia ver era o fogo, devorando cada vez mais a casa. A sirene estava ficando mais distante, cada vez mais. Tudo estava rodando e ficando confuso.
Eu já não ouvia as sirenes ou os estalos. Meus olhos estavam se fechando. Eu não via mais as chamas. Tudo se resumiu no escuro sombrio e no silencio obscuro.
E não havia mais nada, absolutamente nada.

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